sábado, 16 de junho de 2012

BOCA CHIUSA

Bocca chiusa é um termo em italiano, que significa cantar com a boca fechada. É uma técnica utilizada em vocalizes, e por alguns coros norte-americanos. Caracteriza-se por cantar com a boca fechada transferindo a ressonância para a região nasal.Qualquer um que estuda canto, em algum momento, vai ouvir falar sobre exercícios em bocca chiusa, que são realizados com a boca fechada, conforme o nome explica, entoando o fonema /m/. São de extrema importância, porque ajudam tanto no aquecimento vocal quanto na correta colocação a voz. Ainda assim, eu fujo um pouco desse termo, muito usado por cantores. Não porque haja qualquer coisa de errado com ele ou tenha qualquer coisa contra o idioma italiano. Acontece que neste ponto, eu prefiro estar mais alinhada com os fonoaudiólogos, que o chamam de humming, termo cuja uma das definições do Merriam-Webster fala de “run smoothly“, que pode ser compreendido como “seguir suavemente”. Sua prática é orientada com muito espaço interno, sem volume, esforço ou pressão, e tem como principal objetivo a exploração das cavidades de ressonância, responsáveis pela transformação da freqüência fundamental, som que sai da laringe, naquilo que reconhecemos como voz humana, tópico que será tratado com mais detalhamento no futuro.
Perdendo este objetivo de ressonâncias e focando-se exclusivamente em produzir grande massa sonora, é comum alguns cantores sentirem desconforto e tensão no trato vocal. Criando pressão e tensão excessivas, a produção da voz fica comprometida porque a laringe não está livre para vibrar; além do fato de que não há muito como se produzir uma ampla massa sonora com uma caixa amplificadora – sendo no caso da voz, a boca – fechada. É interessante observar que o humming é um exercício básico para a correta fonação, indispensável em qualquer tipo de terapia fonoaudiológica, não importando o tipo de patologia a ser tratada, seja um nódulo, uma fenda ou qualquer outra coisa.
Mas o nome, de fato, é o menos relevante, o que importa mesmo é fazer com conforto e ressonância. Acho que aqui cabe perfeitamente lembrar do Enrico Caruso quando dizia que cantor tem que ter cara de bobo, queixo deve estar bem solto, largado. Este, aliás, é um erro comum dos cantores, projetarem a mandíbula para frent enquanto cantam.  Oriento sempre meus alunos a se ouvirem muito pouco quando estão praticando desta forma, e que busquem sentir mais as vibrações na máscara causadas pelo som. Depois de estarem bem conscientes desses lugares da voz, peço que abram do /m/ para as vogais, de forma mais clara, pura e definida que possam emitir — o “A” não pode virar “Ô, por exemplo— , com o cuidado de que saiam exatamente de onde deixaram o humming, para que a voz falada seja rica em harmônicos e tenha boa projeção e fique longe de estar presa na garganta.

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